quarta-feira, julho 28, 2004

Meus Cães

Como boa parte de vocês já sabe, eu adoro cachorros. Tanto que, com meu pai, tenho atualmente quatro: Missy, uma são bernarda, Bela e Buck, dois rottweilers, e Claus, um bull terrier. Tirando a Bela - que é o rott mais amigável e doce que eu já vi - todos os outros são "enjeitados", quer dizer, são cachorros que os donos não queriam ou não podiam continuar criando e acabaram caindo na nossa casa (eu era solteiro na época).

Hoje, casado, eu estou um pouco mais distante deles, mas continuo acalentando um sonho de tocar uma criação de São Bernardos e Rottweilers na chácara. O custo financeiro ainda é proibitivo, tanto para mim quanto para meu pai, então vamos adiando o projeto. Enquanto isso curtimos os bichos.

Neste final de semana, eu, meu irmão e meu pai fizemos uma sessão de fotos com a bicharada. Usamos uma câmera profissional do meu pai - quem nunca usou uma não sabe o quanto as automáticas facilitam o serviço do fotógrafo... - e as fotos saíram bem legais. Se você quiser conferir o resultado, vejas as fotos em meu álbum virtual.

quinta-feira, julho 22, 2004

Um Convite e uma dica

Vida de beta-tester tem dessas coisas mesmo... Já faz quase um mês que eu troquei o Internet Explorer da Micro$oft pelo Firefox. Foi mais uma atitude política do que uma troca para algo que seja ou me atenda melhor; fiz a troca apenas para ver diminuir a participação do IE nas estatísticas de browsers mais utilizados. Ocorre que alguns anos sem efetiva concorrência no setor fez os desenvolvedores de sites ficarem acostumados a desenhar suas páginas para um único programa. Infelizmente, o Blogger parece se incluir nesse quadro.

Escrevo isso porque acabo de perder um post de Maisde80k que estava escrevendo sobre a vida cultural na cidade de São Paulo e sobre como invejamos a oferta cultural de outras cidades sem aproveitarmos totalmente a oferta de eventos que a nossa cidade nos proporciona. Alguma incompatibilidade do Firefox com o novo sistemna de edição do Blogger deve ter entrado em ação quando eu resolvi usar o já natural atalho CTRL+SHIFT+T para italicizar uma frase, e o resultado foi a perda irrevogável do meu texto. Não que estivesse um primor inigualável, mas me deu preguiça de reescrever tudo aquilo (e não era pouco...). Vou resumir aquela arenga toda com um convite e uma dica:

O CONVITE:

Todas as quartas-feiras, às 20h00, no auditório do SESC Vila Mariana, acontecem apresentações de música erudita, geralmente na forma de ciclos temáticos. Em abril foram quatro apresentações integrando o ciclo "Música para Reis", com composições dos Sécs. XIV a XVI feitas nas cortes européias. Neste mês, o ciclo chama-se "Bach e seus contemporâneos", enfocando peças barrocas tocadas com instrumentos de época. A Vi e eu assistimos o espetáculo desta semana (sete peças tocadas em cravo [Regina Schlochauer] e viola da gamba [Kristina Augustin]) e vamos assistir ao último da série, na semana que vem. O resumo abaixo foi tirado do site do SESC:

Concerto Affettuoso

Formado por Juliana Parra (voz), Marília Macedo (flauta doce e chalumeau), Paulo da Mata (traverso e flauta doce), Luís Ramoska (fagote) e Guilherme de Camargo (guitarra barroca), o grupo apresenta repertório barroco com voz e instrumentos de época. Auditório. R$ 5,00; R$ 3,50 (usuário matriculado). R$ 2,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes, aposentados e estudantes com carteirinha). Dia(s) 28/07 Quarta, às 20h.


A quem puder ir - o horário é bom e nas férias o trânsito da cidade diminui bem - fica o convite. O SESC dispõe de estacionamento e,  nas noites de inverno, serve ótimas sopas (R$ 6,50) no restaurante, que são um bom prelúdio para uma hora de boa música antiga.


A DICA:

No embalo do convite acima, minha dica é para aqueles que puderem (trabalhadores do comércio ou de prestadoras de serviço) se increverem no SESC. Pelo custo ANUAL de R$8,50, o associado tem uma série de vantagens que vão desde pagar valores baixíssimos para assistir ótimas peças teatrais e espetáculos musicais (o de quarta sai por R$2,50) a praticar esportes por um preço muito inferior ao praticado nas academias de SP, entre outros. Vale a pena ligar para o SESC e confirmar se o ramo de atividade de sua empresa lhe dá direito a se associar.

É isso. Até quarta, para quem for.

Flagrante urbano - I

Voltando do escritório do despachante onde fui regularizar o registro do carro de minha esposa, dou uma passadinha numa lanchonete que funciona no térreo do conjunto de prédios onde moro para o necessário café expresso da tarde.

Peço uma xícara ("puro e bem forte, ok?"), enquanto olho o movimento nas lojas (pet shop, locadora de vídeo, [três] salões de cabeleireiro, [duas] imobiliárias, auto-escola e clínica de medicina do trabalho) que colaboram para diminuir a conta que se paga de condomínio todo dia primeiro. São quase quatro horas da tarde e um casal de médicos do hospital vizinho vêm fazer seu "almoço". O café fica pronto ("Sim? Ah! Adoçante, por favor. Em pó.").

Enquanto abro dois saquinhos de DoceMenor para adoçar o café, vejo passar pela entrada, apressada, uma garota. Também a vê a dona do estabelecimento, que a cumprimenta com um "Boa tarde, [esqueci o nome da menina]", num tom de quem reprova ter tido de tomar a inciativa do cumprimento.

Surpresa por não ter passado despercebida como aparentemente pretendia, a garota devolve: "Oi, Vera, amanhã eu te trago o dinheiro que estou te devendo. São três e vinte, certo?". A dona, então, para tirar o verniz de cobrança do cumprimento, diz que não se lembra quanto é a dívida, que quando ela trouxer o dinheiro ela confere suas anotações. A garota sorri, acena e continua seu passo apressado.

Finda a cena, volto minha atenção para o café. Está forte como eu gosto, com uma boa dose daquela espuma marrom que concentra o aroma da boa e velha coffea arabica. Sorvo o primeiro gole com um sorriso, ao qual a proprietária conclui, resignada: "Eu não me importo que fiquem devendo para mim, mas isso não impede ninguém de dizer 'Boa Tarde', não é mesmo?"

Concordo com ela. Ponho o um real e vinte centavos do café no balcão ("Não é mais só um real?") e volto para casa matutando sobre como um simples dívida de R$3,20 pode afetar o comportamento de uma pessoa.


domingo, julho 18, 2004

E da costela de Eva fez-se Adão

Por essa os creacionistas não esperavam: segundo uma reportagem apresentada hoje no Fantástico (o famoso "show da vida"), é o homem que é criado a partir da mulher e não o contrário, como sugere o mito da criação judaico-cristão.

Não, isso não quer dizer que alguém demonstrou que a Biblia errou a ordem dos fatos no Gênese, mas apenas que essa ordem - e o padrão de relacionamento entre os gêneros que ele sugere e, para alguns, impõe - não são refletidas na forma como o feto se desenvolve durante a gestação.

Segundo a reportagem, Jan Johnson, uma mulher americana, ao fazer exames para descobrir por que, aos 19 anos, ainda não tinha menstruado, descobriu não ter nem útero nem ovários. Após exames mais detalhados, inclusive um exame genético, a surpresa: a mulher era, na verdade, um homem; seu genótipo era tipicamente masculino (o famoso XY), ainda que seu fenótipo fosse, contra toda evidência científica, feminino.

Mas como pode um homem desenvolver um corpo feminino (sem os artifícios da cirurgia plástica tão bem utilizados pela Roberta Close)? Segundo os cientistas, o feto humano, até as 6 semanas de gestação, não tem sexo definido; após essa data, o cromossomo Y ativa um gene denominado SRY que faz o feto desenvolver os orgãos reprodutivos masculinos. Pois bem, na tal americana (ou americano), esse gene teve "preguiça" de agir e, consequentemente, ela (ou ele) não desenvolveu testículos, sem os quais seu corpo não produziu testosterona e, portanto, não tomou a forma de homem.

O curioso, e o que nos faz pensar a respeito do mito da Criação, é que, ao invés de se tornar uma espécie de anjo terreno, a coitada desenvolveu perfeitamente a aparência externa feminina, tanto que é casada e mantém (pelo que indica a reportagem) uma vida sexual normal com seu marido. Daí que o caso indica que, sem a atuação do tal gene SRY, o feto torna-se, ao menos externamente, mulher - ainda que sem os órgãos reprodutores femininos - o que sugere que o sexo feminino seja o padrão da raça humana, o masculino sendo uma derivação dele.
Com isso, a Biblia pode dizer que o homem foi criado antes e a mulher, a partir do homem, mas a natureza indica que é o homem que é criado a partir de uma matriz que, se nada acontecer, tornar-se-á feminina. Bom desafio para os creacionistas esse...

Para aqueles homens que não se conformarem com essa capitis deminutio, resta o consolo de que finalmente corrigiu-se a famosa piada que dizia que a mulher foi criada após o homem porque Deus precisava fazer um rascunho antes de fazer a obra final. Agora elas é que são o rascunho...



sexta-feira, julho 02, 2004

O (outro) Ministro Canoro

E eu cá achando que apenas o Brasil tinha a honra de ter um ministro de Estado que aproveitava as horas vagas para entreter o público (e ganhar uns trocados para engordar o magro contracheque de barnabé)... Ao Excelentíssimo Senhor Doutor Gilberto Gil junta-se agora, como integrante do Grupo "Os Ministros do iê-iê-iê" (ou deveria dizer ilê-ayê?), o Secretário de Estado (que é um ministro, ora pois!) dos EUA, Mr. Colin Powell.

Pois vejam só, segundo notícia que o Estadao acabou de colocar no ar, distribuída pela Associated Press, Colin Powell fez um "cover" do Village People no encerramento de uma reunião sobre segurança na Ásia. Vestindo um capacete de segurança amarelo, com um martelo pendurado num cinto de ferramentas e acompanhado or outros cinco funcionários estadunidenses devidamente a caráter (índio, cowboy, policial & cia.), o assessor mais importante de Jorge Moita (depois de Deus, Dick Cheney, Donald Rumsfeld, Condoleeza Rice, Paul Wolfowitz e John Ashcroft) brindou o público com uma versão de YMCA.

Se o Gil e o Kofi Annan podem, porque não ele?

PS: Na nota também se diz que, em 1997, no encerramento de outra edição dessa mesma reunião, a então Secretária de Estado americana, Madeleine Albright, fez seu número vestida de Evita Perón. Agradeço por não existirem fotos do "evento", senão eu teria pesadelos por uma semana...


quinta-feira, julho 01, 2004

O melhor e o Pior

O Melhor:

Terça-feira, 29 de Junho de 2004: Com meu carro preso na Cidade Universitária por causa do rodízio, aceitei o convite de um colega de sala para ir ao cinema no Shopping Villa Lobos, onde fomos assistir Pelé, Eterno. Como disse meu amigo, esse filme demonstra de que as mulheres são menos companheiras do que os homens: homens acompanham suas namoradas e esposas nos chick ficks, mas num filme quase inteiramente composto de cenas de futebol, contavam-se nos dedos as mulheres presentes, e as pouquíssimas que estavam lá vibravam com os gols. Maldades à parte, é um filme com dois lados: para alguém que, como eu, nunca viu o Pelé jogar, é uma comprovação do que os mais velhos nos dizem: Pelé foi o maior jogador de futebol de todos os tempos. Por outro lado, para quem, como eu, acompanhou a história recente de Edson Arantes do Nascimento, é uma tremenda obra de desinformação, típica propaganda oficial dos tempos em que Pelé reinava nos gramados.

Do primeiro lado temos algumas centenas de gols - os restantes deverão compor um segundo filme, mas, seguindo a média de 400 gols por filme (fora outros lances que não deram em gols), tem material até para um terceiro! - muitos simples, vários bem elaborados, outro tanto geniais e alguns verdadeiramente incomparáveis, como o gol da final contra a Suécia em 1958, em que ele deu um chapéu num zagueiro na pequena área e bateu sem deixar a bola quicar. Além dos gols, vêem-se dribles, lances artísticos, gols de outros jogadores dos quais Pelé participou, tudo pontuado por depoimentos de jogadores da época, do Brasil e do exterior (só para citar: Zito, Pepe, Rivelino, Beckenbauer, Menotti, entre muitos outros). Mas o melhor do filme são mesmo as histórias que só podiam ter acontecido com um mito, como a tremenda vaia que um zagueiro do Bahia levou ao impedir, em cima da risca de cal, aquele que seria o 1000º gol de Pelé, num jogo em que toda a Bahia estava descaradamente facilitando as coisas para o "Negão" marcar seu gol histórico; Pelé não só não marcou como com a contusão do goleiro do Santos (não fica claro se foi encenada) foi jogar de goleiro!

Do outro lado, temos um apagamento de tudo o que foi negativo para a imagem de Pelé. Seu "azar" nos negócios é creditado ao seu excesso de confiança nos outros, o longo e constrangedor processo de reconhecimento da paternidade de Sandra Regina resume-se a uma frase, na qual se diz que ele a reconheceu por força de decisão judicial. Nada sobre o brasileiro não saber votar, nada sobre os escândalos recentes de sua empresa de marketing esportivo, nada sobre as controvérsias da malfadada lista da Fifa - em razão do quê o gol do Gérson na final da Copa de 70 não consta do filme, pois o "Papagaio" se negou a liberar os direitos de imagem. Ficou de fora também, para minha surpresa, aquela famosa frase dedicando o 1000º gol "às criancinhas".

No final das contas, se se entender que Pelé foi alguém que surgiu para o futebol em 1955, explodiu em 58 e parou definitivamente de jogar em 77, o filme até que conta bem a sua história; o que só demonstra que Pelé e Edson não são a mesma pessoa, como todo mito não é pessoa cujo corpo usa durante seu breve tempo conosco: ele é algo mais, que vive na cabeça das pessoas, na memória dos que o viram jogar e fazer mágica e na imaginação dos que só o conhecem por descrições de testemunhas oculares dos prodígios realizados. Tudo isso fica magistralmente resumido na frase do Drummond sobre o "Rei", onde as vírgulas fazem toda a diferença: Fazer mil gols, como Pelé, é fácil; fazer um gol como Pelé é muito difícil.

Em tempo: Por melhor que Pelé tenha sido, meu coração corintiano não consegue perdoá-lo pelo que ele fez com o meu time, que ainda não era, como infelizmente hoje não é mais, o Timão. Foram 11 anos de humilhações e gozações nos quais o Corinthians não conseguia ganhar uma partida sequer do Santos. Meu avô costuma contar, não sem uma ponta de mágoa, de uma partida, no Pacaembu, já fazendo seis anos que o Corinthians não ganhava do Santos, em que o "Negão" não jogou nada no primeiro tempo e placar marcava 2 a 0 para o time de Parque São Jorge. Antes do intervalo, a torcida, desavisadamente, começou a provocar a fera e a tirar barato; resultado: no segundo tempo, com três gols de Pelé, Santos 4 a 2 e a certeza de que, com o camisa 10 jogando, o Corinthians ia sempre ficar na fila.

O Pior:

Quarta-feira, 30 de junho de 2004: Em casa, diante da tevê, assisto o Flamengo perder de maneira incontestável para o nacionalmente desconhecido Santo André. Para quem chegou a assistir o Mengão de Zico, Junior, Leandro, Adílio, Nenes & Cia Ltda., a realidade é desoladora. A vitória do inexpressivo Santo André, dando um baile de organização e cabeça fria jogando num Maracanã cheio de rubronegros, marca a triste realidade do nsso futebol. Literalmente todos os grandes times do passado estão, para falar bom português, na merda. Nosso campeonato, resultado de décadas de desorganização, roubalheira e falta de respeito ao torcedor, amarga médias de público inferiores à de campeonatos de vôlei. A administração monárquica de clubes e federações entroniza a safadeza e pune a capacidade administrativa. O resultado desse vício estrutural de um futebol organizado sobre relações senhoriais, típicas da sociedade brasileira desde a Colonização, aparece em sintomas como a debandada geral dos craques para o exterior, alguns antes mesmo de terem jogado como profissionais em clubes brasileiros. O amigo Rique colocou recentemente um ótimo artigo sobre o assunto em seu blog.

O problema, a meu ver, é que não se conseguiu chegar, no Brasil, a um denominador comum entre paixão e negócio. O (o)caso do Corinthians é emblemático: a paixão inviabiliza o negócio - quem quer jogar num time para ser agredido fisicamente pela torcida? - e o negócio desconsidera a paixão - a frieza das cifras dos contratos e a consequente extrema mobilidade dos jogadores impede a criação de vínculos mais fortes com os clubes. Contra paixão e negócio, que já não se relacionam bem, temos ainda a rapinagem dos cartolas: desde o glorioso Santos, que a roubalheira - lembram-se da história das caixas de dólares que caíram do avião? - fez amargar um período de desgraças e penúria que só foi resolvido pelo providencial aparecimento de uma geração de novos craques que recebiam salário-mínimo, até o São Paulo - que não consegue explicar onde foi parar o dinheiro da venda de certos jogadores como o França - passando por Corinthians (que recebeu milhões da Hicks Muse e ficou sem nada), Botafogo, Flamengo, Vasco, Palmeiras, Fluminense, Atlético, Grêmio, o que se tem são clubes falidos e cartolas, que em tese não recebem pelos cargos que ocupam, milionários. A cosa chega ao cúmulo de se mandar, por lei, instalar câmeras sobre as catracas de entrada dos estádios para controlar a evasão de receita dos jogos.

Se o Galvão Bueno e Casagrande têm razão no que afirmaram durante a transmissão de ontem, que estamos vendo uma "Nova Ordem" no futebol brasileiro, em que o São Caetano é campeão paulista, o Santo André ganha a Copa do Brasil e o Brasileirão é liderado por Figueirense e Ponte Preta enquanto Corinthians, Flamengo e Botafogo ocupam as últimas posições da tabela, ameaçados de rebaixamento, então acho a coisa está mesmo preta para todos. Primeiro porque sem os times de grande torcida, a renda dos estádios cai e o interesse pelo campeonato diminui; vai levar anos de conquistas repetidas para os times pequenos e bem administrados que surgiram e se deram bem nos últimos anos atraírem uma torcida que dê sustentabilidade ao futebol como negócio. Depois porque sem a massa que empurra os times, o futebol perde muito de sua mística e capacidade de atrair atenção; se existe um esporte que depende de paixão, ele é o futebol. Ou os grandes times, se ainda houver tempo, aprendem com os pequenos como se organizar financeira e administrativamente, expulsando a cartolagem "amadora" e desonesta, ou o nosso futebol está fadado a ser assistido por um exército de torcedores órfãos, cujos times faliram e deixaram de existir, sem interesse nem envolvimento, como a Major League Soccer nos EUA, em que só o marketing consegue encher os estádios.

Para mim, isso seria terrível. Costumo dizer, com sinceridade, que me considero antes corintiano do que brasileiro. Chego ao cúmulo de não conseguir sentir nada pela camisa canarinho nos jogos da seleção, mas basta o Alvinegro, mesmo descaracterizado como está, entrar em campo para meu coração bater mais rápido e minhas mãos gelarem. Perder esse foco de identificação, para mim, seria perder o contato com algo que define a própria história da minha família e que me liga à história de São Paulo do início do século passado. Acho que é por isso que continuo torcendo e sofrendo pelo Corinthians, mesmo sabendo que não ganho nada - materialmente - com as vitórias, nem perco com as derrotas. Torço porque quero que essa ponte com um passado que não vivi, mas que de certa maneira define quem sou hoje por uma série de razões, continue existindo. Espero que ainda haja tempo para evitar esse desastre.


This page is powered by Blogger. Isn't yours?